sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rede de sorveterias dribla o problema da sazonalidade e deve crescer 50% em 2010

Com a Temporada de Sorvetes Quentes, a empresa conseguiu evitar perda de faturamento no inverno

Fotos: Rafael Motta

“Ter uma sorveteria é como estar na fábula da formiga e da cigarra. Tem que trabalhar o verão inteiro pra poder sobreviver no inverno”. A frase é de Raquel Bravo, diretora-executiva da rede mineira de sorveterias Salada, e resume o principal problema de uma sorveteria: a implacável baixa temporada no inverno. Há estabelecimentos que até fecham as portas nessa época do ano, porque o público simplesmente não associa o sorvete ao frio. Mas a Salada conseguiu contornar o problema.

Fundada em outubro de 1986 pelos pais de Raquel, a Salada começou com uma pequena máquina que fazia cinco litros de sorvete por hora. Naquela época, a produção regional era praticamente inexistente, e o mercado era dominado por grandes fabricantes de sorvete. Com o crescimento das vendas, o casal investiu em outra máquina com o dobro da capacidade, e logo em um pasteurizador, para garantir a segurança do alimento.

“A proposta da empresa de fazer sorvetes mais saudáveis e de maior qualidade, com frutas naturais, fez sucesso entre os lojistas, e em pouco tempo já tínhamos uma rede de distribuição”, conta Raquel. Comprando um terreno vizinho, depois outro, o comércio virou também indústria, e hoje há mais de 1200 pontos de distribuição do sorvete produzido pela Salada.

Mesmo em pontos de distribuição, a empresa não abandonou as sorveterias como pontos de venda. E essas ainda tinham o problema da venda fraca no inverno. A solução foi encontrada há sete anos: a Temporada de Sorvetes Quentes. “No Brasil, o sorvete é visto mais como guloseima do que como alimento. Sabíamos que tínhamos de tirar esse estigma para convencer o público de que era possível consumir sorvete no ano inteiro, misturado a frutas e outros alimentos”, afirma Raquel.

O resultado disso são dez pratos que combinam sorvete com cremes de frutas e bolos quentes, drinks que levam cachaça e licor, e sabores exclusivos do inverno, mais calóricos e encorpados, como coco queimado, paçoquinha e torrone de chocolate. “Fazemos uma campanha de divulgação enorme, que dá um trabalho gigantesco. Mas é um trabalho de mudança de cultura, de quebra de paradigma, por isso é complicado mesmo”, diz Raquel. Ela conta que desde 2003 o faturamento da empresa cresce 30% ao ano. No inverno, especificamente, cresce apenas 10% (a média anual é puxada pelo bom desempenho das vendas no verão), mas segundo ela já é uma vitória. “Antigamente, no inverno as vendas praticamente estagnavam. Agora estamos tendo um aumento gradual”, conta.

Há quatro anos, a Salada começou uma expansão por credenciamento. No estado de Minas Gerais, hoje há 33 sorveterias credenciadas. Para 2010, a empresa quer aumentar o faturamento em 50% e expandir o número de lojas e de pontos de venda. “Também pretendemos conseguir a certificação internacional de segurança dos alimentos, ISO 22000”, diz Raquel. Ela acrescenta que tem planos de expandir para outros pontos do país, e que, por enquanto, o foco são os estados vizinhos de Minas Gerais.

Notícias / gestão - 14/05/2010

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